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Engenharia Geográfica (Reflexão)


Um dos cursos mais integrador e auxiliador, coisa que os recursos humanos das instituições/empresas em Angola não compreendem ou compreendem mal (pela falta de conhecimento), vê-se na maneira como indicam pessoas para determinados cargos para áreas técnicas, eu não sei aonde tiraram a ideia de que os arquitectos e juristas sabem tudo. Não me sinto confortável ver determinados profissionais (quer sejam engenheiros ou arquitectos) que não têm especialização no ramo de Engenheira Geográfica, a ocupar posições de responsabilidade daquilo que é da responsabilidade do Engenheiro Geógrafo, o facto de um engenheiro geógrafo, ter-te ensinado um truque, não faz de ti um especialista na área, respeite aqueles que ficam 5 anos a se profissionalizarem/estudarem no ramo, a falta de profissionalismo e falta de aposta na mão de obra qualificada nacional nas instituições, leva a degradação da imagem das mesmas e na perda de milhares de milhões (para/do o Estado) por ano, fruto das más decisões tomadas por empíricos com "confiança de quem tem o poder de os confiar". Caso haja vontade de se "corrigir o que está mal", começa-se pelos recursos humanos disponíveis, nós temos muito a contribuir para o desenvolvimento desta jovem e bela nação que se chama Angola, que se dê o poder de decisão a estes especialistas na sua área de actuação (que deixem de andar a reboque das outras áreas ou da pena que um chefe sente deles, que tenham autonomia).

O "Colégio de Engenharia Geográfica" terá de ser uma realidade este ano.

Resumidamente leiam com atenção e anotem quais são as nossas áreas de intervenção:

1-Planeamento e Ordenamento do Território As questões de planeamento e ordenamento territoriais e a sua ligação à área ambiental exigem a elaboração de diferentes tipos de plano como sejam os planos regionais de ordenamento e os planos directores municipais e de pormenor, cuja execução se baseia sempre em IG oficial ou homologada. A integração dos dados temáticos do ordenamento e planeamento na cartografia base e a sua gestão num ambiente de SIG exigem a participação e muitas vezes a direcção de Engenheiros Geógrafos, a fim de garantir a correcta integração dos dados e evitar tomadas de decisão erradas com eventuais consequências irreparáveis.

2-Administração Pública Antes das generalização da utilização de cartografia numérica, a utilização da georreferenciação na Administração Pública e nos Serviços em geral, apesar de muito eficaz, limitava-se a casos restritos no tempo e no espaço pela morosidade e dificuldade subjacentes ao tratamento manual desta informação quando tem que se lidar com diferentes temas e suas relações. Hoje em dia novas abordagens, baseadas em SIG, com a capacidade de conjugar simultaneamente vários temas (dados de saúde, rede de estradas, rede hidrográfica, variáveis ambientais, etc.) vieram abrir um horizonte de possibilidades no que se refere à monitorização e vigilância de diversos tipos de ocorrência, assim como um apoio à decisão efectivo em áreas tão diversas como a saúde, as finanças, a administração das regiões hídricas, os transportes, o turismo, etc.. Na área da Saúde Pública a importância da georreferenciação de casos clínicos ou ocorrências ambientais ligadas à saúde ficou conhecida em meados do século XIX com o célebre caso do combate à epidemia de cólera em Londres.

3-Construção Civil Os projectos de construção civil quase sempre assentam em projectos de georreferenciação que, pela qualidade exigível, devem ser da responsabilidade de Engenheiros Geógrafos. Assumem especial importância os projectos das grandes obras públicas como as linhas férreas, aeroportos, auto-estradas, pontes e barragens, quer nas fases de levantamentos envolventes e de projecto, quer nas fases posteriores de monitorização para controlo de deformações, deslocamentos e desvios. A qualidade das observações e o seu tratamento são essenciais e determinantes para a fiabilidade e segurança da obra sendo por isso imprescindível que o Projecto de Georreferenciação seja da responsabilidade de Engenheiros Geógrafos.

4-Defesa Nacional Toda a produção cartográfica militar, dirigida no Exército pelo IGCA deve ser dirigida por Engenheiros Geógrafos e Hidrógrafos respectivamente, como aliás tem sido feito desde sempre. Além da Cartografia Militar e Hidrográfica a actividade dos Engenheiros Geógrafos abrange ainda o conhecimento e interpretação dos dados dos sistemas de posicionamento por satélite e o tratamento e interpretação das imagens de satélite e aéreas, aspectos fundamentais no sector da defesa nacional.

5-Protecção Civil A prevenção de catástrofes e o socorro a vítimas, coordenados pela Protecção Civil Nacional, baseia-se em sistemas de informação com forte componente geográfica cuja implementação e manutenção deve ser assegurada pela direcção responsável de Engenheiros Geógrafos. As situações de sismos, cheias, incêndios florestais e outras podem trazer prejuízos enormes para o país, sendo essencial a existência desses sistemas.


Edgar Cassoma

Mestre em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e licenciado em Engenharia Geográfica (pela Faculdade de Ciências-UAN).

Formador convidado na Academia de Liderança Para Governadores/IFAL (Módulo 4: “Novas formas de viabilização técnica e financeira de Projectos Urbanos Inteligentes/Cidades Inteligentes, Participação na Elaboração do Plano Director Metropolitano de Luanda.

Actualmente Chefe do Departamento de SIG do Instituto de Planeamento Urbano de Luanda (IPGUL).

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